O POEMA DA SEMANA, de FERNANDA FERRAZ
GOTAS DE ORVALHO
Ali ficou. Na esquina da rua.
Parada inteiramente à sombra.
Caminha pausadamente. Busca algo.
Repentinamente surge à sua frente e a envolve, uma armadura quente.
Instantaneamente a prende.
Pega suas mãos. A aquece do frio. Puxa para seu calor. Suor e vapor.
Dedos que suavemente passeiam. Pela boca e face. Tudo reluz.
Na rua. A mesma rua.
Os dois ali. Como gotas do orvalho.
Mãos que escorrem pelo corpo. Olhos que pousam sobre os olhos.
A pele responde em brasa. Entregam-se em suave balanço entrelaçados.
Vulcão que tira fôlego e a respiração. Beijos e mais beijos.
Gotas do orvalho. A mesma gota. O Mesmo orvalho.
Esquecem tudo. Até onde estão.
Tão entregues àquele momento de paixão. No cruzamento daquela rua.
Assim, como afluente e foz. Deságuam e nascem. Renascem a sós.
Os dois. Em estado pleno de condensação.
Vaporização. Gotas do mesmo orvalho.
Nus de paixão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário