DESCONSTRUÇÃO DO POEMA DA SEMANA :
"MEU CORSAÇÃO DISPARARÁ"
de FERNANDA FERRAZ
O poema “Meu coração disparará!” demonstra o desabafo do “eu lírico” em querer sair pelo mundo em busca da pureza e beleza da vida e de vivê-la intensamente.
Inicio o mesmo demonstrando que ele sente-se confuso, imóvel, apesar de certo das conclusões que deva tomar.
O personagem sente-se em conflito constante consigo mesmo, como se ora parece estar seguro, ora não. Ora certo de que deve partir, ora acreditando que deva ficar.
Afirma que já foi um castelo protegido por muro como uma fortaleza e não se sente agora da mesma forma.
Não vê clareza e sentido nas coisas ao seu redor. A razão está imperfeita, ou seja, perdida. Não há razão para seu coração.
Por isso almeja “disparar”. Sair em “cavalgada”.
Afinal, afirma que o coração está disponível apesar de tantos conflitos. Quer viver e “pulsar”.
Nosso coração pulsa a toda hora e por isso a metáfora principal seja ele, pois para sentir a energia da vida e vive-la é preciso pulsar, que literalmente significa a ação dos batimentos cardíacos.
Nós sentimentos o melhor da vida quando estamos em paz com o coração. Amando, principalmente.
No meio do poema, o “eu lírico” conclui que deseja iniciar um novo ciclo em sua vida, conhecer algo que o faz “queimar” por dentro e sentir-se vivo. Imagina que isso possa ser possível em algum lugar.
O poema abusa de metáforas e uma antítese como construção linguística que denotam as reflexões do personagem.
O retrato da claustrofobia de sua alma e os desejos de mudanças que quer iniciar.
As metáforas usadas dão o sentido ao poema:
O coração disparando – na verdade somos nós e não o coração, que aqui representa o ser humano, que busca disparar;
“Contornos em selva” – a selva é um local de grande quantidade de coisas emaranhadas. No poema o personagem está cercado e por isso contornos embaralhados e misturados;
“Meu coração disponível disparará” – o "eu lírico" irá buscar e enfrentar a vida em busca dos seus sonhos;
“Sairá em cavalgada ao luar” - não que ele irá literalmente a cavalo e sim no sentido metafórico irá buscar de forma rápida o que deseja;
“Queimará em desejar” – O desejo verdadeiro. Esse que faz o corpo sentir de fato como se estivesse queimando por dentro;
“Desconhecido azul em que há em algum lugar” – a cor azul empregada aqui não faz referência ao mar e sim a uma expressão muita usada na linguagem popular para afirmar que tudo está bem. O “eu lírico” imagina que esse bem exista em algum lugar;
“...o vento em brisa leve que irá mostrar” – não é o vento que mostra o caminho, mas a metáfora que ele denota significa que com força iremos encontrar o caminho.
A única antítese presente está logo na primeira estrofe: “Meu coração disponível, ilhado...” Pura contradição.
Apesar de disponível sente-se ilhado.
No dicionário a palavra disponível significa livre e desimpedido ao passo que ilhado é cercado e isolado.
A grande reflexão do poema é transmitir a ideia de que mesmo aprisionado em si, em conflito, confuso e só, todos podem mudar sua vida, buscar o que deseja, sentir seu coração pulsar de verdade, afinal ele é seu e é disponível para você. Acredite, lute, liberte-se da sua própria alma. Permita que ela seja livre.
Saia em “cavalgada”. “Dispare” sempre.
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